O CORRE Coletivo Cênico estreia virtualmente a partir do dia 10 de abril PARA-ISO, espetáculo teatral dividido em oito episódios disponíveis pelo youtube por um dia. A peça episódica remonta a trajetória de um homem gay que vem a óbito, a partir da visão de cinco personagens que têm suas vidas atravessadas por Ele.
PARA-ISO propõe uma reflexão sobre o modo como o HIV/Aids e o COVID-19 têm atingido os corpos gays, numa tentativa de tecer uma correlação entre as epidemias que distam em 40 anos. Vividas por Anderson Danttas, Igor Nascimento, Luiz Antônio Sena Jr, Marcus Lobo e Rafael Brito – integrante do CORRE – as personagens Leka, Tito, Miguel, Rogério e Paul, respectivamente, se encontram na Casa PARA-ISO, em que Ele morava, na noite de seu velório.
Ao trazer esse enredo e ao mirar para os estigmas criados em torno desses vírus que Ele positivou duplamente, a obra convida o público a ir além dos mesmos, assim como de suas respectivas sorologias e doenças, para pensar o Brasil e sua colonialidade cis, hétero e branco que atracou em terras baianas no século XVI.
Ao correlacionar as epidemias, o CORRE mira para os modos como ambas foram e são abordadas. Por exemplo: a ideia de grupo de risco como alvo para contágio e proliferação do vírus, no caso do HIV/AIDS a ideia atravessa os corpos gays vistos como propensos a positivarem para o vírus, numa ação perversa de culpabilização – “peste gay”, “câncer gay”; a prerrogativa do isolamento – fechamento de fronteiras, solidão dos corpos que padecem diante de um “diagnóstico”.
O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Por A Tarde