Que tal conferir online uma série de espetáculos de teatro e dança pagando quanto puder? É assim que funciona o festival Brasil Cena Aberta 2020, que acontece entre os dias 2 e 4 de dezembro. É uma verdadeira maratona cultural, com direito também a bate-papos, workhops e até feira de livros!
A programação é composta por 10 apresentações de dança e sete de teatro, todas seguidas por um debate com os artistas. Basta ficar atento(a) ao horário de cada uma e reservar seu ingresso. Confira a programação completa neste link aqui.
E olha que o Brasil Cena Aberta também conta com uma estreia: “Ôma, um ex-petáculo”, da companhia ultraVioleta_s. Trata-se de uma gamificação da realidade, possibilitando ao público uma visão distanciada (por que não tragicômica?) da nossa existência. Criado coletivamente e isoladamente em meio ao caos dos dias atuais, Ôma oferece a quem joga a escolha entre duas avatares: Lala ou Tetê. Elas são a versão digital das atrizes Laíza Dantas e Tetembua Dandara que também participam do jogo de forma ao vivo e pré-programada.
As outras peças tiveram boa recepção de público e crítica. Em “Refúgio”, de Alexandre Dal Farra, a aparente normalidade da vida da personagem principal se modifica quando parentes, amigos ou mesmo desconhecidos começam a desaparecer, sem saber se por vontade própria ou forçados.
A Companhia de Teatro Heliópolis apresenta “(In)justiça”, um ensaio cênico norteado pela indagação “o que os veredictos não revelam?”, para refletir sobre aspectos do sistema jurídico brasileiro. Já em “Manifesto Traspofágico”, Renata Carvalho “se veste” com seu próprio corpo para narrar a historicidade da sua corporeidade, alimentando-se de sua “transcestralidade”.
Sensação do Grupo Galpão, a peça “Outros” é sobre a construção da memória e o impacto do agora no porvir. “Desmonte”, do Grupo Girino, denuncia os desmontes praticados pela política predatória das mineradoras, propondo uma resistência necessária contra o esquecimento desses crimes. Por fim, “Os uns e os outros”, da Cia. Livre de Teatro, é um musical livremente adaptado de “Os Horácios e Os Curiácios”, de Bertolt Brecht.
Gosta de dança? Então não perca “Dilúvio”, de Joana Ferraz; “R.A.L.E. – Realidade Apropriada Libera Evidência”, de Jessé Batista; “O QUE MANCHA”, de Beatriz Sano e Eduardo Fukushima; “Still Reich”, da Focus Cia de Dança; “Paradoxo”, de Zanzibar Vicentino; “Desvios tático-estratégicos para sobreviver à vida urbana”, do Grupo Três em Cena; “Filhxs – da – Po##@! TODA”, do Coletivo Calcâneos; “d o l o r e s”, de Loretta Pelosi; “Titiksha”, de Nalini Cia de Dança; e “Ägô”, de Cristina Moura.
Outras atividades do Brasil Cena Aberta
O público também pode acompanhar alguns lançamentos de livros, como a nova série de cordéis da N-1 Edições e “Hoje não saio daqui”, uma criação da premiada Cia Marginal e de Jô Bilac.
Outros destaques são algumas reflexões abertas sobre temas que inspiram questões atuais e instigantes. Uma dessas atrações é uma mesa sobre “Advocacy para as Artes”, que tem a participação de Daniela Castro (HUB/Imapacta Advocacia – SP), um representante da coalizão negra e Randy Cohen e Pauline Pereira, da American for the Arts, e mediação de Claudia Toni.
Para quem é da área de artes cênicas, acontecem alguns workshops sobre técnica e tecnologia, com a participação de profissionais brasileiros e internacionais. Além disso, há o “Ciclo de Encontros Técnica e Tecnologia na Construção da Cena – interações, intersecções e interferências”.
O festival tem como slogan a frase “Porque somos fortes e vingativos como o jabuti”, para demonstrar o desejo de toda a cadeia produtiva de continuar produzindo mesmo depois de sete meses parada por conta da pandemia de Covid-19.
Por Jornal da USP