Em outubro é celebrado o Dia de Colombo. Mas recentemente, mundialmente ele passou a ser conhecido como Dia dos Povos Indígenas. A mudança de nome é simbólica e importante: ela destaca a necessidade de se reconhecer e honrar a história e cultura destes povos, ao invés de celebrar o explorador europeu que trouxe doenças e a violência às suas comunidades.
A história dos povos indígenas na América é um relato que ecoa em todo o planeta. “Da Amazônia ao Kalahari, das selvas da Índia à floresta do Congo, povos tribais sofrem racismo, o roubo de suas terras, desenvolvimento forçado e violência genocida”, diz o site da organização Survival International, que luta pelos direitos de povos indígenas.
Os povos indígenas têm fortes laços culturais com suas terras e tradição longa e honrosa de proteger os recursos naturais. Mas geralmente não têm controle legal sobre essas terras, e isso as deixa vulneráveis à exploração de grandes interesses industriais como os dos combustíveis fósseis, mineração, madeireiras e agricultura. Mesmo hoje, são assassinados na defesa da terra.
Há inúmeras histórias sobre a força e a sobrevivência de povos que poucas vezes chegam a ser contadas. Esta série de fotos entregue à Survival International para seu calendário “We, The People” (Nós, Os Povos, em tradução livre) de 2021 homenageia a resiliência e o orgulho de povos tribais de todo o mundo em sua luta para preservar sua vida e herança.
Veja imagens da série abaixo:
Ao alto: Brasil, 2019 – Os uaurás são um dos mais de 300 diferentes povos indígenas do Brasil.
Equador, 2020 ― A parteira Veronica, do povo achuar, em seu quintal, onde cultiva plantas medicinais para tratar suas pacientes. Os achuar vivem na bacia amazônica há milhares de anos, na região de fronteira entre o Equador e o Peru, mas hoje se veem ameaçados pela mudança climática, madeireiras e empresas petrolíferas. Juntamente com seu povo, Veronica luta contra aqueles que exploram e destroem a floresta amazônica.
Provincia de Bayan-Ölgii, Mongólia, 2018 ― Zamanbol, 14 anos, com a águia que é sua parceira de caça. Zamanbol é nômade do povo cazaque e vive na região do Altai, na Mongólia. Durante a semana ela mora na cidade para poder ir à escola, mas nos fins de semana retorna ao ger, a tenda circular tradicional de sua família. Ela é uma entre muitos jovens nômades que abraçam as tradições seculares de seus povos, num esforço para conservar sua identidade e a conexão com a natureza.
Centro-oeste do Brasil, 2017 ― Crianças do grupo Paiter-Suruí, um grupo indígena de cerca de 1.400 membros que vive na bacia amazônica na divisa entre Rondônia e Mato Grosso. Em 2012 os Paiter-Suruí se tornaram a primeira tribo do mundo a implementar um esquema de crédito de carbono, preservando a floresta e vendendo créditos a empresas interessadas em compensar por sua pegada climática. Mas a descoberta de ouro e diamantes em suas terras levou ao desmatamento, e o esquema foi suspenso formalmente em 2018. Membros da tribo ainda lutam para proteger sua terra. Pesquisas comprovam que nos locais onde os povos indígenas são guardiões de suas próprias terras, ocorre metade do desmatamento que em outras e há altos níveis de biodiversidade.
Mar de Chukchi, Alasca, EUA, 2018 ― O conhecimento íntimo do gelo marinho é imprescindível para a sobrevivência dos Inupiats, que há milênios saem em barcos feitos de couro de foca para caçar baleias ao norte do Círculo Ártico. Nos últimos anos, o derretimento do gelo vem dificultando a caça e a pesca e aumentando o perigo dos deslocamentos entre aldeias. Os povos indígenas são os menos responsáveis pela mudança climática, mas são os que pagam o preço mais alto.
Serra do Padeiro, Bahia, 2018 ― Dançarinos tupinambás. As comunidades indígenas em todo o mundo são legalmente donas de apenas 10% de suas terras. No Brasil, como em outras partes da América do Sul, o desenvolvimento industrial expulsa povos indígenas como os tupinambás de suas terras, coloca em risco sua vida e seus meios de subsistência e fratura seu legado cultural, estreitamente vinculado à terra.
Colômbia, 2020 ― Um líder da comunidade Yagua, cujas terras ficam entre a Colômbia e o Peru. As sementes rosadas do urucuzeiro produzem um pigmento conhecido como urucum ou colorau. Hoje utilizado comumente em todo o mundo como colorante alimentar, o urucum foi descoberto por indígenas da região amazônica, que o usam para condimentar a comida, tingir tecidos e na pintura corporal e dos cabelos.
Peru, 2018 ― Os quéchuas vivem nos vales, montanhas e planaltos áridos dos Andes. Não é fácil encontrar meios de subsistência a essas altitudes, mas os quéchua desenvolveram maneiras de adaptar-se ao ar rarefeito. As mulheres quéchuas são tecelãs habilidosas. Elas tecem os xales coloridos que usam para carregar bebês, lenha e milho.
Sierra Nevada de Santa Marta, Colômbia, 2020 ― Para os indígenas Arhuaco, sua terra, a Serra Nevada de Santa Marta, é o coração da Terra, e o papel de seu povo é protegê-la. Eles se autodenominam os Hermanos Mayores – irmãos mais velhos.
Jharkhand, Índia, 2020 ― Uma mulher do povo Ho e seus filhos entram em uma casa pintada de cores fortes, conforme é o costume dessa tribo. Na Índia e em todo o mundo, muitas crianças indígenas frequentam as chamadas “escolas-fábricas”, que procuram destituí-las de sua cultura e seu legado.
Para comprar o calendário 2021 da Survival International, clique aqui. Toda a receita obtida com o calendário financia o trabalho da entidade com povos tribais.
Para ver mais conteúdos e fazer parte da comunidade, siga “This New World” nas redes sociais.
*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost US e traduzido do inglês.