Nos distantes anos 1990, ter acesso a uma página qualquer na internet era caro, levava muito tempo e exigia uma boa dose de paciência do valente e curioso que estivesse do lado de cá do monitor. O museu Smithsonian pode se considerar uma das entidades culturais pioneiras ao desbravar as densas veredas do mundo virtual e botar em cartaz uma exposição de joias, já em 1993 — ainda que o arquivo demorasse um século para carregar e a conexão caísse muito mais do que se mantivesse estável.
Vinte e oito anos para a ciência parecem o período jurássico. Desde então, foram desenvolvidos milhares de mecanismos de pesquisa a fim de suprir a demanda por fontes de estudo, entre os quais o Artvee, que possibilita baixar obras de arte de domínio público em alta resolução. O acervo do Smithsonian vai muito bem, obrigado, se expandiu em escala industrial e, claro, continua ao alcance de um clique, assim como o arquivo de mais de 40 outras instituições, como a Biblioteca Pública de Nova York, o Art Institute of Chicago, o Rijksmuseum de Amsterdã e o Paris Musées.
A digitalização de coleções tornou-se um assunto que figura cada vez mais na ordem do dia de organismos ligados à cultura ao redor do mundo. E o tema suscita outra preocupação: como tornar viável o acesso de modo eficaz não apenas de uma dessas coleções, mas de todas, por categoria, por exemplo?
O Artvee talvez seja a resposta. Por meio dele, é possível filtrar resultados em diversas seções: arte abstrata, paisagem, mitologia, desenhos, ilustrações, botânica, arte figurativa, religião, história, arte japonesa e natureza morta. Há ainda a alternativa de se pesquisar por artista. Trabalhos de gênios da grandeza de Raphael, Botticelli, Rembrandt, Monet e Edvard Munch estão todos lá. O Artvee também é capaz de elaborar coleções sugeridas pela própria plataforma e pelos usuários. Já constam nesse catálogo algumas bem interessantes e peculiares: ilustrações de contos de fadas; covers de canções populares americanas; e até anúncios de bicicletas com mais de 100 anos.
Vale a lembrança quanto à gratuidade dos itens: todos estão sob domínio público ou distribuídos sob uma licença Creative Commons, o que quer dizer que você pode usá-los da forma que quiser. É espantoso constatar que, quando do surgimento da web, usávamos uma série de ferramentas e portais diferentes para realizar pesquisas sobre um único assunto, o que em muitas circunstâncias resultava num trabalho desconexo, dada a multiplicidade caótica das poucas informações que conseguíamos.
O melhor é saber que iniciativas como o Artvee dão azo a outras com o mesmo objetivo, como o Museo, que nos lembram quão longe tem ido a tecnologia. E é um conforto para o espírito que a arte não tenha ficado pelo caminho.
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Por Revista Bula